50 anos depois
50 anos depois
Data de Publicação: 6 de abril de 2024 22:05:00 "Existia em mim, por aquela menina de cabelos longos, lisos e negros, o que se costuma chamar de “paixãozinha de infância”, coisa ingênua, pura, que muitos condenam porque “crianças não podem namorar”. Sim, não podem e nem devem ser incentivadas ao namoro precoce. Mas que, quase sempre, nasce nelas um embrião de um grande amor ou de, no mínimo, uma grande amizade, isto não pode ser descartado, mas administrado pelos pais, pelos adultos..."
(Imagem baixada do Google) |
Por Antônio Oliveira
No pátio da Escola Paroquial Santa Bernadette, construída na Vila Montecelli, região de influência do setor Nova Vila, em Goiânia (GO), se não me engano entre a década de 1950 e 1960, pelo saudoso e benfeitor Padre Vitalis – cuja história de assistência social, educacional, de saúde e espiritual está sendo apagada até mesmo pela Arquidiocese de Goiânia -, e dirigida por freiras até o final da década de 1970, filas de crianças, pré-adolescentes e adolescentes, impecavelmente uniformizados, eram formadas para fazer uma oração e entoar o Hino Nacional antes de adentrarem suas salas de aula.
A fila a direita da minha era das meninas da minha sala. Nela, uma se destacava pela sua beleza: morena clara, cabelos longos, lisos e negros; olhos de um brilho encantador e cheia de ternura. Sempre, neste ritual comum naquela época e que nos ensinava a disciplina, a fé e o patriotismo, eu orava e entoava o nosso Hino, mas de olhos fixos naquela menina. Na sala de aula, procurava, sempre, sentar perto da carteira dela – aquelas de madeira maciça, com assento basculante, que nos levavam a pregar uma peça num colega ou outro – e que nos levavam, também, vez por outra, à secretaria da escola, para um “sabão”, ou um castigo. Era a década de 1970.
Existia em mim, por aquela menina de cabelos longos, lisos e negros, o que se costuma chamar de “paixãozinha de infância”, coisa ingênua, pura, que muitos condenam porque “crianças não podem namorar”. Sim, não podem e nem devem ser incentivadas ao namoro precoce. Mas que, quase sempre, nasce nelas um embrião de um grande amor ou de, no mínimo, uma grande amizade, isto não pode ser descartado, mas administrado pelos pais, pelos adultos.
O tempo passou, terminamos o antigo ensino primário e eu, tímido, como sempre, nunca falei para essa menina dos meus sentimentos e o único contato físico entre nós foi quando ela tocou-me com suas mãos ternamente, durante uma brincadeira em sala de aula. Nunca me esqueci desse momento.
Terminado o primário, cada um seguiu seu destino na carreira estudantil cursando a etapa seguinte - o ginásio -, em escolas diferentes. Nunca mais nos vimos e sua imagem jamais se apagou da minha memória. Durante muitos anos, na juventude, e na fase adulta, a procurei pela região onde morávamos – ela morava na Vila Nova e eu na Nova Vila, setores vizinhos. Com o advento das redes sociais, fiz esta busca nestas. Todas em vão. Não mais com os sentimentos daquela “paixãozinha”, de amor, mas de ternura, de saudades de uma coleguinha que marcou meu coração de criança. Até mesmo porque tive outros amores – poucos - e me casei muito cedo.
Já havia desistido da busca presencial e virtual, mas sem nunca tirar aquela menina de minhas lembranças, como centenas de outras boas lembranças da minha infância e adolescência, saudáveis e bem encaminhadas pelos meus amados pais.
Mas, muito grande foi a minha surpresa, quando vi aquela então menina de cabelos longos, lisos e negros, num comentário de uma postagem de um grupo de moradores e ex-moradores da Vila Nova, onde ela pouco aparece. Uma senhora, mãe e avó, linda, cujo rosto me rememorou aos meus tempos de ensino primário e se refez ao de quase 50 anos atrás.
Não tive dúvida. Entrei no seu Messenger, dei-lhe alguns detalhes dela quando na sua pré-adolescência e estudante do primário; o local onde seu, hoje finado, pai trabalhava, etc.
- Sim, sou eu..., estudei com as freiras na Santa Bernadette...
- Muito prazer! Fomos colegas e tive por você uma “paixãozinha de infância”. Há mais de 50 anos te busco, não com os sentimentos passionais, mas de carinho, ternura e saudades de meus tempos de infância.
- Meu Deus! Nunca soube disso, meu amigo querido...
Boas recordações precisam ter lugar cativo no nosso coração.
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2 comentários
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Belo texto mei amigo jornalísta e escritor Antônio Oliveira. Convide-a para um café. Quem sabe história continue...
Que história bonita, todos temos no coração nosso primeiro amor e até dizem que o primeiro é o mais verdadeiro, talvez pela pureza que carregamos em nosso coração na infancia ou adolescencia .