Escritora tocantinense Maria da Ajuda conquista segundo lugar no Prêmio Travassos de Literatura
Escritora tocantinense Maria da Ajuda conquista segundo lugar no Prêmio Travassos de Literatura
Data de Publicação: 22 de agosto de 2024 14:20:00 Com "Alforria", a poeta de Araguaína, Maria da Ajuda, alcança o segundo lugar no prestigiado Prêmio Travassos de Literatura, destacando-se entre obras que abordam temas como desigualdade social e racismo. Poesia aqui publicada.
Com "Alforria", a poeta de Araguaína, Maria da Ajuda, alcança o segundo lugar no prestigiado Prêmio Travassos de Literatura, destacando-se entre obras que abordam temas como desigualdade social e racismo. Poesia aqui publicada.
(Imagem: Travassos Editora) |
Por Antônio Oliveira
No início deste mês, a escritora e poeta tocantinense Maria da Ajuda, moradora de Araguaína, conquistou o segundo lugar no renomado "Prêmio Travassos de Literatura", promovido pela Travassos Editora. Com a poesia em cordel "Alforria", Maria da Ajuda se destacou em meio a uma competição acirrada que reuniu obras belíssimas, abordando questões de desigualdade social e racismo.
Segundo a Travassos Editora, o Prêmio contou com "textos incríveis que exploraram temas importantes e relevantes." A editora também ressaltou a dificuldade em classificar os trabalhos, dada a alta qualidade das submissões. O texto premiado de Maria da Ajuda será publicado na "Antologia Orgulho de Nossas Raízes," consolidando o talento da autora na literatura nacional.
Segue o texto:
Alforria
Maria da Ajuda Laranjeiras
Chega de trabalho escravo
A liberdade, finalmente, chegou
A Carta de Alforria foi dada
Alforria que nosso povo sonhou.
O negro das senzalas
Senzalas fétidas, encharcadas
Dos porões de celas frias
Celas escuras, imundas, mofadas.
Cenário comum aos negros
Que fizeram nossa história
A história do Brasil
Que registra somente glória.
Sofrimento nunca mais
Chega de sangue derramado
Chega de tronco, de chicote
Dos senhores desalmados.
Que soem os tambores
Vamos comemorar
A liberdade sonhada
Que acaba de chegar.
MAS... O TEMPO PASSOU
Ei, cadê a liberdade
Que a alforria prometeu?
Negro continua na senzala
Mudança não aconteceu.
Foi um grito de liberdade
Que não se concretizou
A Carta saiu, de fato
Mas não viu quem eu sou.
Ah, senzala, testemunha de açoites
No tronco, de mãos e pés atados
Libertar-se pode ser possível
Mas permanecem acorrentados.
Acorrentados pela história
De dor e sofrimento
De muito sangue derramado
De tortura, lágrima e lamento.
No canavial, sob o sol escaldante
O suor faz a pele negra brilhar
Trabalho árduo para cortar a cana
Que a vida dos senhores vai adoçar.
Pés descalços, mãos calejadas
Às vezes, sem ter onde morar
A senzala continua ali
Esperando o negro retornar.
CHEGA...
Chega de racismo estrutural
Que impera na sociedade
Pois branco, preto ou pardo
Não importa a tonalidade.
Nestas terras de Zumbi
Nossa cor, nossa identidade
Negro é gente de brio
Gente de integridade.
Pele preta, preta com orgulho
Pele queimada, resistente
Resistência é nosso lema
Lema de um povo consciente.
Consciente do valor que tem
Neste país da diversidade
O valor da pele negra
Que pede respeito e igualdade
Pois todos são seres humanos
E merecem respeito e dignidade.
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Que orgulho eu tenho de ser amiga de um ser humano fantástico como você. Te admiro demais Confreira. Você merece esse prêmio!Parabéns!!