Uma visão otimista do fazer literário
Uma visão otimista do fazer literário
Data de Publicação: 6 de maio de 2024 10:17:00 A diversidade da produção literária atual, com espaço crescente para autores negros e autoras mulheres, deve ser celebrada como uma demonstração de força da literatura contemporânea, de acordo com a professora, pesquisadora e crítica literária Marisa Lajolo
Da redação da Cerrado Comunicação
A diversidade da produção literária atual, com espaço crescente para autores negros e autoras mulheres, deve ser celebrada como uma demonstração de força da literatura contemporânea, de acordo com a professora, pesquisadora e crítica literária Marisa Lajolo.
A visão de Lajolo sobre "o que é literatura" e as diferentes definições históricas já utilizadas para compreender melhor esta expressão artística conduziram o segundo encontro da série Grandes Diálogos no Memorial, realizado na noite da última terça-feira (dia 30/05) no auditório da biblioteca do Memorial da América Latina, na capital paulista.
- A literatura de autoria de pessoas que faziam e fazem parte de segmentos (sem voz) da população atualmente tem certo apoio, o que não é pouca coisa. Acho muito legal estarmos vivendo esse tempo e poder ler autores negros, poder ler mulheres, poder ler homossexuais sem esconder absolutamente nada disso - afirmou Marisa Lajolo, citando o caso trágico do escritor Raul Pompeia, autor do clássico romance "O Ateneu" e que se matou no final do Século 19 envolto em questões acerca de sua orientação sexual.
- Sou otimista, acho que estamos vivendo um momento em que a literatura está ganhando uma grande força. Estamos até aprendendo a ser mais compreensivos com a literatura de que não gostamos muito - disse Lajolo, sem dar peso à cultura do cancelamento.
(Foto de Fabio Mazzitelli / ACI Unesp ) |
A pesquisadora iniciou sua palestra evocando dois livros de sua autoria que marcam diferentes maneiras de se olhar para o fazer literário. Separados por um intervalo de mais de três décadas, os livros "O que é literatura" (Editora Brasiliense), de 1984, e "Literatura, ontem, hoje e amanhã" (Editora Unesp), de 2018, são exemplos, segundo ela, de como o reconhecimento do que é literatura muda no decorrer do tempo.
- Dos anos 80 até hoje, mudou muitíssimo a visão de literatura, mudou muitíssimo a característica dos consumidores de um livro literário - afirmou.
- Essa ideia de que o mundo muda muitas vezes não nos agrada porque a gente não quer mudar, ou não consegue mudar - complementa a professora.
Para entender melhor as mudanças ao longo da história, Marisa Lajolo recorreu a trechos de escritos ou reflexões de Aristóteles, Camões, José de Alencar, Jean-Paul Sartre, Antônio Candido e o crítico literário contemporâneo Terry Eagleton. Especialista em literatura infantojuvenil, em particular da obra do escritor Monteiro Lobato, a professora discorreu também sobre como este segmento por vezes já foi visto como uma "literatura menor", mas que ao longo da história sempre teve um lugar cativo, com muitos campeões de venda.
Em sua visão otimista da arte literária, respondeu perguntas do público presente e citou obras contemporâneas que expressam a força literária dos dias atuais, em especial o livro "O Avesso da Pele", do escritor Jeferson Tenório, vencedor do Prêmio Jabuti de 2021 de melhor romance literário.
- A literatura e seus atores sempre tiveram um papel político muito importante e 'O Avesso da Pele' é um perfeito exemplo da relação da literatura com o Brasil contemporâneo - disse Lajolo.
- A literatura sempre dialoga com a realidade na qual é produzida e para qual é produzida.
A mediação do encontro com Marisa Lajolo coube à jornalista e historiadora Juliana Sayuri. Os “Grandes Diálogos no Memorial” continuarão a ocorrer, ao longo do ano, no Memorial da América Latina, na Barra Funda, zona oeste da capital paulista, sempre de forma gratuita, na última terça-feira do mês. O evento é uma iniciativa da Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI) da Unesp, da Fundação Editora Unesp (FEU) e do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, braço acadêmico do Memorial da América Latina.
*Da Comunicação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp).
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