Vida de jornalista, dinheiro, nada. Mas se diverte muito. Às vezes, aborrecimentos
Vida de jornalista, dinheiro, nada. Mas se diverte muito. Às vezes, aborrecimentos
Data de Publicação: 27 de maio de 2024 08:36:00 A vida de jornalista é uma aventura constante. Mesmo sem a garantia de grandes ganhos financeiros, as experiências, viagens e surpresas fazem valer cada dia. Nesta crônica, compartilho um episódio recente que ilustra bem essa jornada cheia de altos e baixos
Antônio Oliveira (Foto: Acervo pessoal) |
Por Antônio Oliveira
No meio jornalístico, este ditado – “a gente não ganha dinheiro, mas se diverte muito” – reflete a verdade do nosso cotidiano. Não ganhamos dinheiro, mas conhecemos muitos lugares e pessoas. No entanto, vez por outra, aqui e acolá, nos deparamos com aborrecimentos de todos os tipos, tanto durante quanto fora da nossa atuação. Durante meus mais de 40 anos no jornalismo e no radialismo (rádio e TV), passei por tantas, até ameaças de morte, e situações cômicas que dão um a dois livros – no mínimo, um será editado e publicado. Na semana passada passei por um aborrecimento que me deixou sem chão e, ao final, me fez ri muito.
No último domingo, 20 de maio de 2024, saí de Palmas, a bela capital do Tocantins onde moro e “corujo” meus filhos e netos, com destino a São José do Rio Preto (SP). Missão: cobrir, mais uma vez, e com muita satisfação, par o meu site Centro-Oeste Farm News, a Aquishow Brasil 2024, uma feira com dimensão nacional e internacional voltada para a aquicultura e para o conhecimento, realizada neste ano entre os dias 20 e 23 de maio. Na minha viagem, havia duas conexões: em Goiânia e em Campinas. Saí de Palmas às 03:50 com previsão de chegar a Rio Preto às 11:45.
De Palmas a Campinas, tudo bem, céu de brigadeiro. Começou a dar ruim no Aeroporto Viracopos, em Campinas. Sentei para esperar meu voo final de ida, marcado para as 10:30. Intuitivamente, olhei em um dos painéis do aeroporto e percebi que meu voo estava cancelado. Saí a caminhar pelo terminal à procura de um guichê ou loja da companhia aérea na qual eu viajava, a Azul, para buscar informações. Depois de muito tempo, encontrei um balcão de atendimento onde reclamei e fui informado que meu voo final de ida estava cancelado desde o dia 15. “Foi avisado para a sua agência de viagem. Ela não te avisou?”, foi a resposta de uma bem maquiada moça. Eu disse que não e que tinha um compromisso profissional em Rio Preto a partir das 19:00 daquele dia, inclusive com um ministro de Estado (o da Pesca e Aquicultura, André de Paula). Pedi remanejamento para outra empresa. Friamente, a moça me disse “sinto muito, não podemos fazer nada, reclame para sua agência”, a Decolar.
Não alonguei a conversa, providências judiciais seriam tomadas. De imediato, bolei um “plano B”. Peguei um táxi e fui para a rodoviária de Campinas tomar um ônibus para Rio Preto, o mais breve possível. Comprei uma passagem para o meio-dia, com previsão de chegada naquela cidade entre 18:00 e 19:00. Perderia pouco tempo e, ainda, arriscaria cumprir com minha tão desejada pauta.
Desci para a plataforma de embarque e desembarque e esperei o ônibus encostar. Meio-dia e dez, nada. Reclamei para um senhor que estava no box onde eu acreditava que meu ônibus encostaria. O moço olhou minha passagem e me falou que “seu box é aquele lá na frente”. Fui para lá, onde também mostrei a passagem para outro funcionário, desta vez da tradicional Viação Cometa, dona da linha que me levaria a Rio Preto. “Meu senhor, este carro já saiu. O problema é que 23 não era o seu box, mas sim sua poltrona. Seu box seria este, o 32. Suba, vá no guichê da empresa e troque sua passagem por outro horário”. E assim eu fiz, conseguindo outra passagem para as 14:00. Eu estava tão aturdido com a irresponsabilidade da Azul e da Decolar e chateado por chegar atrasado e perder minha pauta e, ainda, com uma indisposição física desde o pouso em Goiânia, minha querida cidade, não menos bela que Palmas, que acabei por dar outra gafe: ia me embarcando uma hora antes em um carro da mesma empresa que tomaria o rumo da capital paulista.
Enfim, a estrada e eu muito aborrecido, frustrado por minha pauta ter caído. A previsão de chegada seria após as 21:00.
Imagem: pixabay |
Finalmente, o conforto e o aconchego do apartamento do hotel, o Augustus Plaza Hotel (vale o comercial pela qualidade de seus serviços e educação de sua equipe). Lá pela meia-noite, eu, em um sono gostoso e reparador, sou abordado por um simpático senhor, acompanhado por um funcionário do hotel, a título de segurança, creio. “Que porra você está fazendo no meu apartamento?”, ele me questionou, nervoso. “Calma, amigo. Sou seu colega, o jornalista Antônio Oliveira, e estou aqui para cobrir a Aquishow. A Marilsa (coordenadora do evento de aquicultura) me ligou há uns 15 dias e me disse que com o evento, a rede hoteleira da cidade estava lotada e perguntou se eu não me importaria de dividir o apartamento com outro profissional a serviço da feira. Disse para ela que, se a pessoa fosse de confiança, do círculo dela, não haveria problema nenhum para mim”, respondi ao moço ainda “escoltado”.
O problema é que nossa amiga Marilsa Fernandes avisou a mim e não avisou a ela, que chegara primeiro que eu no hotel.
“E minha privacidade, como fica?”, continuou. “Fique tranquilo, vou ligar para a Marilsa”, disse eu à ele, que saiu do apartamento, deu uma volta pelo corredor, voltou e argumentou: “Cara, não é por mim, é por você. Fico preocupado. A temperatura do ar que eu gosto, talvez não seja a do seu gosto”. “Sem problema, amigo. Coloque na temperatura que você quiser”, respondi ao moço, um locutor de eventos, do qual guardo na memória apenas o seu apelido: "Frigo", outro guerreiraode estradas afora.
Ele tomou seu banho, deitou e iniciou um bate-papo comigo. Pediu desculpas e, durante os três dias de trabalho, se revelou uma pessoa muito dócil.
No dia seguinte, quando voltei para o hotel, após um dia ainda estressado com o ocorrido na viagem, já encontrei um apartamento individual, só meu e com o ar na temperatura ao meu gosto.
Ossos do ofício.
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